De volta a vida real a vida real me esperava. Na verdade a vida real não espera, ela acontece enquanto a gente sobrevive.
Chorar/desesperar/sucumbir? Não. Esta não era a alternativa correta.
Para ocupar a mente achei mais um passatempo: arrumar a casa, no sentido literal da palavra.
Como num processo de renascimento involuntário deu certo. Descascar a tinta desbotada de uma vida de mentira, varrer os restos de um quadro que nunca deveria ter sido pintado.
A porta, as paredes, o teto do banheiro… Todos sendo limpos do mofo do passado. A vida entra neste processo sem que eu perceba.
O processo vai ser demorado, porque a vida de lá de fora (os compromissos, os trabalhos) tem que ser vividos em conjunto, mas não tenho pressa, demore o tempo que tiver que demorar, nada de adiantar os ponteiros do relógio.
Descobri nas horas vagas um trabalho cansativo, mas recompensador… Porque como tentei registrar acima, as mazelas da alma entraram sem querer nesta reforma. Cada passada de espátula, cada remoção da tinta velha, cada buraco fechado numa parede, cada sujeira removida, não está só limpando minha casa, está limpando minha alma também – sem que eu perceba.
E, quando menos esperar, a terapia do faça você mesmo terá deixado tudo limpo, tudo pronto para cores novas que virão. Good vibes!